Pega Essa Dica- Pedaço de Mim
Pedaço de Mim filme francês dirigido por Anne Sophie Bailly, contando uma história importante que é a realidade de muitas mulheres, no longa temos Mona uma depiladora que mora em um pequeno apartamento na França, ela dedica toda a sua vida para cuidar do seu filho “especial” (um termo que ela odeia), Joel é um jovem adulto que tem uma certa autonomia mas ainda precisa de ajuda com algumas coisas do dia a dia, o título original do filme é Meu Inseparável (Mon Inséparable) o que faz muito mais sentido com o contexto da história, já que acompanhamos a proximidade deles e a necessidade de Mona de encontrar respiros no meio de tudo isso.

Mona é uma personagem cheia de camadas, geralmente esse tipo de personagem uma mãe cuidando de um filho com problemas e aqui me refiro a todo tipo de problema, é colocada com uma heroína onde o amor incondicional vence tudo e ela não tem fraquezas pois o amor pelo filho supera tudo, e Mona é trazida como uma mulher real, uma mulher que tem necessidades e como qualquer ser humano também se cansa, ela chega ao extremo tão grande que não se envergonha disso e nem deve se envergonhar mesmo, mas não é isso que as pessoas esperam de uma “boa mãe“, esse filme não coloca o sofrimento de Mona como algo exemplar algo bonito, ele mostra como na realidade é cruel colocar uma mulher nessa posição.
Ela está cansada não quer dizer que não ame o filho e ela prova muitas vezes como se importa e como ver ele indo para outro caminho machuca, o roteiro poderia ter trazidos diversos problemas da personagem como apesar de toda a exaustão, ela dedica muito tempo ao filho chegando a viajar com ele de surpresa, tendo um romance casual, ela se afasta do emprego sem muitos problemas isso até poderia ser um furo se não tivéssemos uma discussão bem mais profunda em questão, o conflito principal é Joel, filho de Mona se apaixona por Océane uma garota também com deficiência, ela acaba engravidando e os dois decidem ter o bebê, e aí fica uma discussão vindo de todos os lados, os dois seriam capazes de criar uma criança juntos?
Nesse contexto temos tanta coisas e lados para olhar, vemos Mona entrando em contradição sobre a liberdade que tanto deseja, por acidente ela tem um afastamento do filho e ela aproveita muito esse momento e logo depois ela sente muito mal do filho sair de perto dela para criar sua família ela se sente incompleta sem ele, quem cuida dos cuidadores? Mona passa por um questionamento moral muito grande, Laure Calamy consegue mostrar essa mistura de sensações com excelência dando vida a Mona, ela consegue trazer todos esses lados mostrando a complexidade dessa mulher.
Esse longa vem como um acolhimento e compreensão para pessoas com uma vida semelhante a de Mona, Frank seu romance casual julga ela em um determinado momento e ela precisa gritar com ele porque ninguém consegue se colocar no lugar da pessoa que cuida mas todos se sentem no direito de apontar o dedo, principalmente quando são mulheres nesse lugar de cuidar, se a mulher se cansa é imediatamente julgada.
Esse filme traz a questão da deficiência mas não é o foco, a falta de apoio para mães solos e a sexualidade de mulheres na meia idade são o destaque dessa história, temos uma mulher imperfeita, que apesar de sabermos que é um boa mãe ainda assistimos ela ser julgada, o longa não traz idealização da maternidade mas mostra como é bonito, poderoso e sensível os laços entre mãe e filho.

