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Pega Essa Dica – Ritas

Ritas, documentário dedicado à trajetória de Rita Lee, parte de uma proposta ambiciosa: revelar ao público um olhar íntimo sobre as “facetas” da artista, a partir de seu próprio acervo pessoal. Narrado pela própria Rita, por meio de entrevistas concedidas ao longo da carreira, o filme tem como trunfo a autenticidade de uma voz que nunca se encaixou em moldes — e que agora conduz a própria história.

A construção narrativa é afetiva, envolvente e pontuada por momentos de carisma puro, como era de se esperar de alguém cuja personalidade virou marca registrada. O longa acerta ao destacar não só os sucessos musicais, mas também as influências intelectuais que moldaram sua obra — e, principalmente, ao reafirmar o papel de Rita como figura essencial na consolidação do feminismo no rock nacional.

Ao abrir seu arquivo pessoal, o documentário proporciona uma experiência de proximidade, oferecendo detalhes da vida privada da artista que antes eram desconhecidos do grande público. É, nesse sentido, uma bela homenagem — uma forma sensível de eternizar sua presença e sua contribuição à cultura brasileira.

No entanto, Ritas não escapa de algumas limitações. Embora bem-sucedido ao traduzir as “mil faces” de Rita Lee, o filme escorrega em sua cronologia, alternando momentos da vida da artista sem costura narrativa clara, o que pode confundir quem busca entender seu percurso de forma mais linear ou aprofundada.

Além disso, o documentário opta por uma abordagem mais segura, deixando de lado fases menos populares, mas igualmente fascinantes de sua carreira. Fica ausente uma exploração mais corajosa de sua produção experimental ou de momentos controversos — elementos que ajudariam a compor um retrato mais complexo e desafiador da artista.

Ritas é, sem dúvida, uma obra carismática e emocionante. Cumpre bem o papel de celebrar Rita Lee e reforçar sua importância cultural. Mas, ao escolher a reverência em vez do risco, o documentário perde a chance de ser tão ousado quanto sua protagonista sempre foi.

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