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Iguatemi São Paulo apoia exposições de Julio Vilani

Grande incentivador da arte e da cultura, o Iguatemi São Paulo apoia o artista paulista Júlio Villani, que navega entre São Paulo e Paris desde os anos 1980. Júlio se prepara para apresentar dois projetos, em dois patrimônios históricos e arquitetônicos tombados da cidade de São Paulo, uma oportunidade única de conhecer as diversas facetas do artista e seu universo artístico. As duas exposições, “Museu de Tudo”, que inicia em 2 de setembro e “Paraíso (aqui se borda aqui se paga)”, no dia 14 de outubro, voltam-se para um público amplo e estão ligadas conceitualmente à visão de mundo de dois poetas que reiteram continuamente a poesia que mora nos pequenos “nada” que nos cercam.
 

Museu de Tudo, Casa de Vidro

De 2 de setembro a 4 de novembro, a icônica Casa de vidro de Pietro e Lina Bo Bardi, recebe a exposição Museu de Tudo, título emprestado de João Cabral de Mello Neto que vai tão bem no diálogo entre as obras da série almost ready made do artista e o universo de Lina Bo Bardi, que soube fazer de tudo, matéria de museu. Esculturas de Villani feitas a partir de reuso de objetos corriqueiros dialogam com o universo e utensílios caseiros da coleção de Lina Bo Bardi, articulando despojada e ludicamente códigos culturais, confrontando elementos e materiais de diferentes origens para melhor aparelhar referências.
 











divulgação, acervo do artista
 

Mateus Nunes assina o texto da mostra na Casa de Vidro: Pássaros com corpo de escumadeira, serpentes de trenas dobráveis, tamanduás com tronco de torrador de café. Entrar em uma casa onde esses bichos pendem do teto e pousam sobre os móveis, sabendo que sua dona projetou – além da própria casa – cadeiras-girafa e exposições dedicadas à imaginação infantil , não parece causar estranheza.

Villani propõe o uso de objetos cotidianos com ligeiras mudanças de função, em uma operação “quase ready-made”, como o próprio artista se refere a um dos eixos fulcrais de sua prática. As mudanças são ligeiras por serem rápidas, mas também por serem assertivas: a justaposição de abinhas de metal e de toquinhos de

madeira em um abridor cilíndrico de massas o torna, num virar de alavanca, um bicho dócil o qual não se pode mais ignorar. A máquina que ajudaria a preparar o almoço agora é um companheiro alerta. Diferentemente de uma genealogia dos bichos na arte contemporânea brasileira, Villani não almeja que os seus sejam mimetizados, geometrizados ou antropomorfizados. Pelo contrário, se interessa pela constituição delicada como um poeta que solda preposições e nomes próprios, adjetivos e onomatopeias, em diferentes idiomas em assemblages inventivas. Seus animais são dotados de bom humor, infantis não por seu amadorismo, mas por habitarem um campo irrestrito do pensamento.”

Lina Bo Bardi dedicou três exposições aos brinquedos e à infância na Fábrica de Lazer do Sesc Pompeia: Mil brinquedos para a criança brasileira (1982), Pinocchio (1983) e Entreato para crianças (1985).
Mateus Nunes é curador, pesquisador e escritor. Doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, desenvolve pós-doutorado em História da Arte na USP e na Getty Foundation e é professor do MASP.
 

Renato Anelli, curador da Casa de Vidro:

“O convite da curadoria do Instituto Bardi ao artista Júlio Villani quis trazer à Casa de Vidro uma obra que dialoga com a de Lina. Júlio cria personagens com os mais variados instrumentos de trabalho, especialmente ferramentas manuais. É nítida a semelhança com os objetos que Lina montava / coletava, feitos com restos de lata, lâmpadas, funis, reuso de descartes da sociedade de consumo para novas utilidades e novos significados. Há uma matriz comum na figuratividade desses dois procedimentos, colocá-las em contato no espaço da Casa de Vidro talvez possa nos ajudar a descobri-la. O convite teve mais duas dimensões, com as quais o artista de imediato se engajou. A primeira foi estender a exposição para o museu vizinho, a Capela do Morumbi, um dos polos do Museu da Cidade, instituição pública municipal distribuída em várias sedes históricas. A segunda foi incorporar profissionais altamente qualificados na produção manual de bordado, residentes na comunidade de Paraisópolis. A interação institucional, geográfica e social tem forte potência. Além de romper o perímetro do

terreno onde está Casa de Vidro e seu jardim tropical, o Instituto Bardi reforça a integração local e lança a proposta de um polo cultural regional, que deverá se estender à Casa Valeria Cirell, também de Lina, e à praça Carlos Drummond de Andrade, cuidada pelos vizinhos.”
Renato Anelli é Arquiteto Urbanista, Mestre em História e Doutor em História da Arquitetura e do Urbanismo e Livre-Docente em Projeto de Arquitetura e Urbanismo.
 

Paraíso (aqui se borda aqui se paga), Capela do Morumbi

Em 14 de outubro uma obra têxtil monumental e site specific passa a ser apresentada na Capela do Morumbi: Paraíso (aqui se borda aqui se paga) é um céu invertido, feito de pedras, folhas e lagartos. Atravessado pelo sopro da poesia de Manoel de Barros, ele nos faz olhar para cima para recolher versos do poeta que avançava com os olhos resolutamente voltados para o chão.

A obra apresentada na Capela do Morumbi foi realizada no ateliê de Lina Bo Bardi que fica na Casa de Vidro, por costureiras de Paraisópolis através da Costurando Sonhos, projeto social que nasceu para acolher e empoderar mulheres da comunidade por meio da capacitação em corte e costura.
 

A dupla programação inaugura uma importante parceria entre a Capela do Morumbi, órgão da Secretaria Municipal de Cultura | MCSP e o Instituto Bardi. A ação das costureiras dá corpo à colaboração com o G10 de Paraisópolis (organização sem fins lucrativos, formada por Bloco de Líderes e Empreendedores de Impacto Social das Favelas). Um primeiro passo visando a ampliação da atuação e uma maior integração das duas instituições culturais com o território do Morumbi.

Um programa educativo forte, atende o público de idade e interesses diversos nas duas instituições – e durante 3 semanas (de 14 de outubro a 4 de novembro), os visitantes poderão atravessar os 200 metros que as separam para uma visita dupla.
 

Depoimento das costureiras que realizaram, com Julio Villani, o trabalho de lã, linha e agulha de Paraíso (aqui se borda, aqui se paga) , destinado à Capela do Morumbi

Camila Prado:  

Fazer esse projeto foi uma experiência nova, enriquecedora. Eu nunca tinha trabalhado em alguma coisa assim tão manual. Geralmente é aquela loucura de jogar o pano na máquina e entregar tudo rápido, aqui é mais devagar, mais no detalhe. Foi mesmo um aprendizado, não conhecia bem essa técnica de aplique, é muito gostoso de fazer e bem diferente de tudo o que eu já tinha feito. É uma satisfação ver a coisa ficando pronta, de ver que deu vida para o tecido, que deu cor. 
 

Flauzina Rocha Ribeiro:  

Para mim está sendo muito rico, aprendo a cada dia uma coisa nova; é muito gratificante, participar da grandiosidade de um trabalho desses, eu nunca tinha feito nada assim tão grande. Gosto da proposição do Julio, e também de vir para cá todos os dias, o contato com as pessoas, está sendo uma maravilha .  

A pré-produção da obra Paraíso (aqui se borda, aqui se paga) foi feita no Centro Universitário Belas Artes, em colaboração com os estudantes: Beatriz Cereser, Laura Del’Acqua, Pedro Avila, Vinicius Amaral e Thais Borducchi.
 

Roberta Saraiva, curadora da mostra Paraíso (aqui se borda, aqui se paga)

“Em tempos sombrios, quando os povos originários e os cientistas do mundo todo nos alertam sobre a queda do céu, somente uma leitura subjetiva do mundo é capaz de propor uma inversão: a de levantar o chão pro céu. É esta a inversão que propõe Julio Vilani na Capela do Morumbi, tendo o poeta Manoel de Barros como guia”. Roberta Saraiva é bacharel em História pela Universidade de São Paulo, com especialização em Museologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da mesma universidade. Autora de “Todo era posible”: Alexander Calder, Max Bill, Lasar Segall y Saul Steinberg en São Paulo ( Lina Bo Bardi. Tupí or not tupí. Brasil (1946-1992), Fundación Juan March, 2018); Calder e o Brasil (Calder e a arte brasileira, Itaú Cultural, 2018); Paulo Klee no Brasil (Paul Klee, Equilíbrio Instável, CCBB, curadoria Fabienne Eggelhöfer, 2019).
 

Julio Villani, sobre os dois projetos:

“Soberbas coisas ínfimas” poderia ser o título genérico deste duplo projeto no Morumbi. Ele nasce de um convite de Renato Anelli, curador da Casa de Vidro, após minha participação na exposição O museu de dona Lina, (2022, curadoria Daniel Rangel) quando da reabertura do MAM-BA. A mostra dava corpo ao olhar tão particular de Lina Bo Bardi sobre a linha, única, que leva da arte erudita à arte popular aos objetos usuais – e vice e versa. Se existe um ponto em comum entre o universo de Lina e o meu, é a afirmação de que no inventário do mundo não há ‘impurezas’, que tudo contém – ou pode conter – poesia.

Aliás, Lina dizia : eu não procurei a beleza, procurei a poesia…

Ela conta que começou a colecionar quando a mãe, preparando a costumeira galinha de domingo, descobriu no estômago desta uma coleção de vidros e pedras roladas pelas águas de diversas cores, e as deu para a menina Lina de olhos vidrados. A exposição na Casa de Vidro roda em torno desta relação que mantenho, também eu, e de olhos igualmente vidrados, com as miudezas da vida.

A instalação na Capela do Morumbi dá, de outra forma, continuidade a esse tema: em vez do céucom nuvens carregadas de querubins e virgens em majestade representando a promessa de um paraíso por vir, comum nos tetos de edifícios religiosos, o meu é feito de cacos e pedras, de folhas enuvens carregadas de orvalho. Não só porque “aprendi a gostar das coisinhas do chão antes quedas coisas celestiais” (versos manoelinos inscritos na obra) mas sobretudo porque, para mim, paraíso (ou inferno) é aqui e agora: na terra sobre a qual pisamos, e tal como a criamos.

A ideia desta obra nasceu em 2019, enquanto eu realizava um enorme ‘lençol’ (2340 x 780 cm) querecobria inteiramente os sonhos dos monges que jadis ocupavam o dormitório da Abadia doThoronet, no sul da França, a convite do curador Jean de Loisy. Como vivo sempre com a cabeça láe cá, me perguntei qual seria o pendant deste projeto no Brasil. A impressão persistente de andar pelo inferno ao lado de gente que falava de paraíso me fez fincar o pé na terra, e pedir a santoManoel de Barros que me acudisse. “Liberdade caça jeito”, me soprou o poeta”.
 

SERVIÇOS
 

Museu de Tudo, Julio Vilani

Casa De Vidro

A exposição Museu de tudo (Casa de Vidro, 2 de setembro a 4 de novembro 2023), apresenta esculturas da série almost ready made de Julio Villani, feitas a partir de objetos garimpados entre o Brasil e a França, ao lado de objetos da coleção de Lina Bo Bardi.

Sobre a Casa de Vidro: considerada um ícone da arquitetura moderna brasileira, a Casa de Vidro foi o primeiro projeto construído pela arquiteta Lina Bo Bardi. Nas salas principais da casa, amplas e abertas, Lina e seu marido Pietro, fundador do MASP, receberam grandes nomes como Max Bill, Steinberg, Gio Ponti, Calder, John Cage, Aldo van Eyck, Glauber Rocha e Gilberto Gil, que encontravam na residência do casal Bardi o cenário ideal para discussões culturais, ideológicas e sociais. Hoje, enquanto sede do Instituto Bardi/Casa de Vidro, continua sendo um espaço ativo e de troca de conhecimento aberto ao público, cumprindo seu papel de perpetuar o pensamento e a obra de Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi.

Quando

de 2 de setembro – 4 de novembro 2023

Horários: quinta a sábado, 10h, 11h30, 14h e 15h30

Limite de 40 pessoas por horário. Grupos acompanhados por monitores. Local sem acessibilidade. Ingressos: R$58,00 (inteira) e R$29,00 (meia entrada). Crianças de até 10 anos, entrada gratuita. Em caso de vagas remanescentes ou possíveis desistências, serão vendidos ingressos na bilheteria na Casa de Vidro.  

citação de Manoel de Barros

Rua General Almério de Moura, 200 – Morumbi, São Paulo  

Agende sua visita
 

Paraíso (aqui se borda, aqui se paga), Julio Vilani

CAPELA DO MORUMBI

Obra têxtil de grande dimensões (1520 x 520 cm) Paraíso (aqui se borda, aqui se paga) é uma instalação site-specific , criada para a Capela do Morumbi, com curadoria de Roberta Saraiva.

Sobre a Capela do Morumbi : na década de 1940, a Cia. Imobiliária Morumby efetivou o loteamento de uma antiga fazenda no Morumbi do qual fazia parte uma edificação em ruínas de taipa de pilão, tida entre outras interpretações ora como tendo sido capela consagrada a São Sebastião dos Escravos, ora como ruínas de um paiol. Visando atrair compradores, a empresa contratou o escritório do arquiteto Gregori Warchavchik (1896 – 1972) para fazer a reconstrução das ruínas.
 

Quando

De 14 de outubro 2023 – 3 de março 2024

Horários: terça a domingo, 9h às 17h

Entrada gratuita, sem necessidade de retirada de bilhete. Local sem acessibilidade.  

Avenida Morumbi, 5387 – Morumbi, São Paulo  

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