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Pega Essa Crítica – Magnatas do Crime

O novo longa do diretor e roteirista Guy Ritchie é mais uma história frenética sobre uma situação inusitada que aflige a classe de criminosos de Londres.

Voltando as raízes, assim como no aclamado “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (1998) e no não tão aclamado “Snatch: Porcos e Diamantes” (2000), Ritchie traz uma história recheada de violência, xingamentos e reviravoltas. Reviravoltas essas que as vezes se mostram inteligentes e as vezes só peculiares e/ou perturbadoras.

O narrador, um detetive particular de má reputação chamado Fletcher (Hugh Grant), está disposto a chantagear todas as partes envolvidas na trama que cerca as negociações da venda do império e consequentemente aposentadoria do traficante americano expatriado Mickey Pearson (Matthew McConaughey).

A história contada por Fletcher através de flashbacks e suposições, os quais constituem a maior parte da narrativa do filme, mostram todos os detalhes, falhas e segredos que o detetive descobriu (ou deduziu), enquanto acompanha de perto Mickey e seus associados, e compilou em um roteiro de cinema pronto para ser vendido a quem pagar mais.

Como nos dois longas de Richie citados no início deste texto, esse também conta com muitos núcleos de personagens que vão sendo trazidos a trama por eventos catastróficos que desencadeiam situações num ritmo que logo foge do controle. E Em “Magnatas do Crime” temos o pacote completo: mafiosos russos vingativos, mafiosos chineses em disputa interna, nobres ingleses falidos tentando manter seu status além rappers tentando atingir milhares de views no YouTube, os quais são responsáveis por inserir o elemento coringa na história, o treinador de boxe chamado apenas de Coach (Colin Farrell), que se veste como um gângster, age como um gângster, mas repete enfaticamente não ser um gângster.

O fato de o narrador da história não ser uma fonte confiável faz com que nunca saibamos de fato a totalidade que cerca os acontecimentos, o que funciona bem para introduzir alguns dos reveses enfrentados pelos diferentes núcleos da narrativa. O filme dentro do filme, com momentos de making off e tomadas alternativas, é o ponto forte deste longa, que assim consegue manter o espectador longe de enxergar a imagem completa ansioso pelo próximo desfecho.

O elenco, repleto de nomes conhecidos, em grande parte compensa os deslizes do roteiro, que em alguns momentos parece algo que foi escrito faz anos e estava guardado esperando uma brecha para ser lançado e já não se encaixa no cenário atual. Estes momentos são quando o filme se volta para tentativa de ser engraçado com personagens estereotipados e situações perturbadoras, existem situações realmente engraçadas e divertidas em “Magnatas do Crime” e essas não são uma delas.

Hugh Grant que com o passar dos anos foi se afastando de seu papel de protagonista masculino adorável e auto depreciativo, mostra uma outra faceta e é fascinante assisti-lo no que as vezes parece um monólogo de seu personagem, no qual ele está perfeitamente caracterizado e sincronizado fazendo com que Fletcher se torne o centro do longa, ainda que a trama aconteça ao redor de Mickey Pearson.

“Magnatas do Crime” é uma história de bar, propositalmente exagerada, irrealista e com excesso de reviravoltas que nem sempre funcionam, mas que de maneira divertida e com ritmo acelerado mantém seu ouvinte interessado e entretido até o final. Luana Ramalho

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