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Pega essa Dica – Domingo a Noite

 O gênero drama, atualmente, carrega consigo a premissa de seriedade, a expectativa pelo espectador de que muitas lágrimas irão rolar até o fim dos créditos. Esse, posso afirmar, é o caso do filme de hoje.

Domingo a Noite”, o longa-metragem dramático nacional, produzido pela Valenza Filmes e distribuído pela O2 Play, estreia, oficialmente, nos cinemas, a partir de 04 de abril de 2024, mas sua produção foi realizada em 2022, período em que a pandemia de Covid-19 perderá força.

A direção fica por conta de André Bushatsky, cineasta multiuso, que formado em publicidade e propaganda, expandiu seus horizontes, dirigindo curtas de animação, documentários e filmes. Também escreveu um livro e, ainda, criou propagandas para grandes marcas nacionais e internacionais.

O roteiro ficou por conta de Bruno Gonzales que, após experiências pessoais em sua família, resolveu utilizá-las para inspirar o texto, principalmente, o fato de seu avô falecer de Alzheimer e os primeiros sinais de demência em sua avó serem notados em seguida.

Para falar do elenco, time responsável por dar toda forma e seriedade a trama, tornando a história crível, irei me valer da ajuda da sinopse oficial, levemente modificada para evitar Spoilers: “Margot (Marieta Severo) tem 75 anos e é uma das maiores atrizes do Brasil. É casada há mais de 50 anos com Antônio (Zé Carlos Machado), um escritor premiado, mas agora com Alzheimer avançado. Enquanto luta para manter a independência e cuidar do marido sozinha, enfrenta grandes dificuldades internas para finalizar seu último filme, principalmente após uma nova revelação devastadora, que a fará se reconectar com a filha Francine (Natália Lage) e com o filho Guto (Johnnas Oliva). Para Margot, porém, ainda mais importante, é sua luta diária para manter o amor dela e de seu marido vivos diante do eminente esquecimento.

 Marieta Severo reina soberana em tela, incorporando os dramas de Margot (importante ressaltar que na época da produção do filme, o marido da atriz tivera tido um AVC). Zé Carlos Machado interpreta Antônio com trejeitos de quem estava realmente doente (na vida real, o ator estava se recuperando de um pós-covid). Natália Lage interpreta a filha atriz Fran, passando ao espectador a impressão real de quem possui muita mágoa e ressentimento de sua genitora mas que ainda se preocupa com seu bem-estar. Johnnas Oliva interpreta Guto, o filho workaholic, o personagem que traz ao filme um pouco de alívio cômico, sem deixar de lado a sobriedade que o papel requer. O elenco ainda conta com nomes, como Isio Ghelman (Carlos), Isis Pessino (Alicia), Bárbara Santos (Médica), e outros como Hugo Bonemer, Karen Coelho Maíra Kestenberg, Wagner Brandi que possuem pouquíssimo tempo em tela.

No geral, a trilha sonora é ok, pois condizente com os momentos pontuais que a exigem.

O filme funciona bem nos momentos em que os dois protagonistas contracenam (delicadeza e serenidade), mas são nos momentos em que a dinâmica familiar ocorre que a obra se mostra palatável até para admiradores de outros gêneros, pois são nesses momentos que há inquietação, agitação, um chacoalhão nos personagens para suas atitudes subverterem-se.

Um problema a ser dito é sobre sua duração. O filme é curto. Algumas situações ficam subentendidas. Se tivesse tido mais tempo para desenvolver a história e os personagens, seu impacto teria sido maior e mais avassalador.

No final, acho que todo o público poderá concluir que o longa trata principalmente sobre dois temas: Independência (onde a protagonista quer concentrar todos os atos de decisão em si até o fim) e a importância da Memória ou da falta dela (onde fica claro que tudo o que somos, aprendemos e realizamos podem ser destruídas de uma hora para outra).

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