cinemaCrítica CinemaPega Essa DicaPega Essa NovidadeSTAR+StreamingTv Pega Essa

Pega Essa Dica – Vidente por Acidente

Comédia é o gênero que visa proporcionar risos aos espectadores, divertindo pelas situações cômicas dos personagens ou absurdas da própria trama. Existem produções nacionais e estrangeiras de comédia consideradas atemporais devido a suas mais variadas qualidades.

Infelizmente não é sobre nenhuma dessas produções que iremos falar hoje e sim sobre um título que tinha grande potencial para ser puro divertimento, principalmente pela argumentação original e por seu protagonista carismático, mas que peca em tantos sentidos durante sua execução que se torna falho e facilmente esquecível.

A comédia nacional “Vidente por Acidente” é o mais novo longa-metragem, produzido pela Conspiração e com coprodução da Star Original Productions e apoio da Rio Filmes, estreando, nos cinemas, a partir de 18 de abril de 2024.

A direção fica por conta de Rodrigo Van Der Put, experiente no comandado de longa-metragens como os especiais de fim-de-ano do Porta dos Fundos e Juntos e Enrolados (2022).

O elenco encabeçado por Otaviano Costa (Ulisses), conta com um time de apoio de humoristas conhecidos pelo público nacional. Evelyn Castro (interpreta a esposa), Jamilly Mariano (filha), Totia Meirelles (mãe), Katiuscia Canoro (coach vocacional), Macla Tenório (assistente), Victor Lamoglia (jornalista). Xuxa Meneghel, Flávia Alessandra e Nany People fazem participações especiais em pontos chaves do filme, para alavancar risos, enquanto Serjão Loroza aparece nos momentos mais reflexivos.

Vamos a sinopse oficial: O arquiteto Ulisses, em meio a uma crise existencial, descrente de sua carreira e inseguro de seus talentos, visita uma “coach vocacional” que promete encontrar a verdadeira vocação das pessoas. Depois de tomar um chá suspeito oferecido pela “profissional” em seu ritual maluco, Ulisses apaga e tem os seus pertences roubados. Porém, nem tudo é tragédia. Misteriosamente, ele sai de lá com um poder estranho: descobrir, com apenas um toque, a verdadeira vocação das pessoas. Será que Ulisses encontrou seu verdadeiro talento ou este novo dom só vai trazer ainda mais confusão para sua vida?

Trata-se do primeiro filme em que Otaviano Costa é um protagonista e que, devo dizer, o fez a altura, pois realmente parece que o ator se sentiu à vontade interpretando o “vidente” Ulisses, transbordando carisma e competência no papel.

Duas atrizes se destacam com seus personagens. Uma é Macla Tenório, pois nota-se que interpretar Patrícia, a assistente, lhe fez voltar no passado, com pitadas de humor não convencional, de quando integrava o elenco do Porta dos Fundos (a propósito, fato que rende uma das melhores piadas associativas do filme). A outra é Totia Meirelles como a mãe “vilã”, que desencadeia ódio nos espectadores, mas por bons motivos, de tão bem que encarnou a personagem.

Entre os poucos bons momentos do roteiro, encontram-se as piadas lançadas em chamadinhas sensacionalistas que falam, não sobre Ulisses e sim sobre Otaviano Costa. Flavia Alessandra (esposa do ator na vida real) também gera outro engraçadíssimo momento com uma piada associativa.

O argumento do filme é bom, já o desenvolvimento do roteiro e principalmente a parte final pecam demais durante a execução de seus quase 93 minutos. Um potencial argumentativo desperdiçado, encoberto por partes desconexas, sem sentido e graça, que poderiam ter gerado reflexões e ensinamentos realmente contundentes, principalmente por demonstrar que nem sempre sua vocação é o que você deseja para sua vida.

Apesar de se vender apenas como comédia, o filme acaba tentando se levar a sério em inúmeras partes da trama, utilizando um dramalhão que nota-se, não conversa com a parte cômica.

A primeira meia hora prende o espectador facilmente, com um roteiro leve e interessante. Mas nem tudo são flores, depois disso, a trama tenta ir por vários caminhos diferentes e muitos fatores e escolhas equivocadas de direcionamento dos personagens, assim como, reviravoltas rocambolescas prejudicaram seriamente o elo de ligação da metade para o final.

O filme tem uma conclusão meio abrupta, o que aparentemente foi a maneira dos roteiristas encontrarem uma solução milagrosa para tentar encaixar algo de uma hora para outra, para que não houvesse pontas soltas. Isso incluiu mudanças radicais nas atitudes de alguns personagens.

A trilha sonora é boa e nos traz o retorno da música Lua de Cristal, então só isso já vale a indicação.

No geral, não é um filme para toda família, até porque a classificação indicativa é a partir dos 10 anos. E definitivamente não é uma comédia recomendada para todos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *