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Pega Essa Dica – Plano 75

“Plano 75” apresenta uma visão sombria e perturbadora de um Japão distópico, onde o envelhecimento da população é encarado como um problema a ser resolvido através do programa governamental que incentiva os idosos a se sacrificarem voluntariamente. A premissa do filme é impactante e levanta questões éticas e morais profundas sobre o valor da vida e o papel da sociedade em lidar com o envelhecimento. A diretora Chie Hayakawa constrói um ambiente opressivo e melancólico, reforçado pela atuação intensa de Chieko Baishô como a senhora Michi, cuja luta pela sobrevivência em meio a adversidades é comovente e angustiante.

A abordagem sensível e crua de “Plano 75” expõe as injustiças e desigualdades de uma sociedade que descarta seus idosos como um fardo, sugerindo uma reflexão profunda sobre os valores e prioridades de uma cultura obcecada pela juventude e produtividade. A trama se desenrola de forma gradual e envolvente, porem sem deixar de lado as sub-tramas que se tornam constantes e até um pouco conflitante ao misturar enredos dentro da história que estava caminhando bem para o entendimento do espectador, o que de fato torna um aspecto negativo na experiência do filme, mas sem deixar de explorar as complexidades das relações humanas e as escolhas difíceis que os personagens enfrentam em um mundo desumano e implacável. A presença da jovem trabalhadora filipina e do vendedor do Plano 75 adicionam camadas de conflito e dilema moral à narrativa, ampliando o debate sobre a dignidade e o respeito pelos mais velhos.

A direção de arte e a cinematografia de “Plano 75” contribuem para a atmosfera opressiva e claustrofóbica do filme, com cenários desolados e uma paleta de cores sombria que refletem a desolação e o desespero dos personagens. A trilha sonora minimalista e melancólica acentua a melancolia e a angústia que permeiam a história, criando uma experiência imersiva e emocionalmente intensa para o espectador. A habilidade de Chie Hayakawa em criar uma atmosfera visual e sonora coesa e impactante eleva a narrativa do filme a um nível de profundidade e complexidade que ressoa muito além da tela.

Concluo que “Plano 75” é um filme provocativo e perturbador que desafia as convenções e tabus sociais, confrontando o espectador com questões existenciais e éticas profundas. A atuação brilhante de Chieko Baishô e o elenco, aliada à direção sensível e atmosférica de Chie Hayakawa, resultam em uma obra cinematográfica que transcende o entretenimento superficial e convida à reflexão e debate sobre temas urgentes e universais. “Plano 75” é um testemunho poderoso da resiliência e dignidade humanas diante da adversidade e da injustiça, e uma obra-prima do cinema japonês contemporâneo que merece ser vista e discutida.

Sato Company

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